“[…] A terra é de todos, feita por nosso Senhor. Ele fez e deu ao homem, e também nos ensinou, que é nela que vivemos, e a ela abençoou. É tão linda a Natureza, é obra do Criador. Deus deu a inspiração, o homem fez a plantação, e foi assim que começou”[…]. Ao som dessa canção, romeiros e romeiras da Terra e das Águas se encontraram, nos dias 1, 2 e 3 de Julho 2016 nas terras do Bom Jesus da Lapa, para realizarem e celebrarem a 39ª Romaria da Terra e das Águas, que neste ano refletiu e discutiu o Cuidado com a Casa Comum: Conversão Ecológica, inspiração e apelo do Papa Francisco em sua Encíclica ‘Louvado Seja’ (Laudato Si).

A Romaria é marcada por importantes e fortes momentos de fé e piedade popular, assim como por discussões sociais e políticas a partir de uma ótica eclesial de base. A Missa de abertura, na noite da sexta feira (1), contou com a presença massiva de romeiros e romeiras vindos/as das diversas regiões do Brasil, com suas cruzes e chapéus, símbolos de luta e resistência celebraram a Missa presidida por Dom João Cardoso, bispo da diocese de Bom Jesus da Lapa, concelebrada pelo Bispo da Diocese de Barra Dom Luiz Cappio e por diversos padres de diversas dioceses do Brasil. Dom João, em sua homilia/reflexão, chamou a atenção para a observância de um sistema que devasta com a natureza, em nome de um progresso que exclui e destrói as pessoas e suas comunidades. “Nossa terra-mãe está doente! A conversão ecológica deve começar de nós, e não podemos nos omitir diante esse sistema que devasta nossa natureza em nome de um progresso destrutivo, que acaba com a identidade de nossas comunidades e a dignidades das pessoas”, afirmou Dom João.

Antes do despontar do sol na manhã de sábado (2), romeiros/as saíram de suas rancharias e em uma só procissão, “rumaram” em direção à Gruta do Bom Jesus para cantarem o Ofício da Imaculada, e nessa atitude devocional colocaram nos braços da Mãe Maria da Soledade, suas dores e angústias, alegrias e agradecimentos. Durante toda a manhã de sábado aconteceram os plenarinhos temáticos, que trataram de diversas temáticas de formação política e social. Tais como: Terra e Território, Comunidades Tradicionais, Fé e Política, Saneamento na Bacia do São Francisco, Juventude e Conversão Ecológica, As Crianças e o Meio Ambiente. Quase nas horas derradeira do dia aconteceu a grande e tradicional caminhada de Via Sacra, que seguindo os passos de Jesus na Via-crúcis, os Romeiros e Romeiras da Terra e das Águas relembraram as mulheres e homens que “tombaram” na luta em defesa da natureza e pela dignidade dos pequenos e esquecidos deste mundo. Lembraram a agonia do Rio São Francisco e de tantos outros rios, assim como tantos biomas, tais como a caatinga e o cerrado que padecem e correm eminente risco de morte. O dia terminou com a Noite Cultural animada pelo grupo cultural ‘Zabumba de Canudos Velho’ e o forró raiz da Banda “Remela de Gato”, equipe de animação do Cedasb, que agitou os romeiros/as na noite cultural.

Na manhã de domingo (3), antes do sol nascente foi celebrada a missa da Ressurreição. Última celebração, antes do encerramento oficial da Romaria, que reúne os romeiros/as, em torno do altar da liberdade, para celebrarem as alegrias da ressurreição de Jesus. Já encaminhando para a finalização da Romaria, foi realizado o grande plenário na Gruta da Soledade, que reuniu todas as discussões e encaminhamentos dos plenarinhos refletidos e debatidos no sábado. “A realização desse grande plenário significa o assumir do compromisso de uma verdadeira e autêntica conversão ecológica, começando por nós romeiros e romeiras, passando por nossas comunidades e sensibilizando, ou mesmo provocando os poderes constituintes, tendo em vista uma ampliada e profunda conversão para o cuidado com nossa casa comum. Esse é o grande desafio que temos, essa é a luta que devemos enfrentar”, afirmou frei Gilvander (CPT-BH), em sua fala de síntese do grande plenário realizado na Gruta da Soledade.

Com a leitura da Carta compromisso e a oração de envio encerrou-se a 39ª Romaria da Terra e das Águas. Todos/as cientes do compromisso em multiplicar e disseminar a importância do “Cuidado com a Casa Comum” e de serem agentes promotores de uma verdadeira e factual conversão ecológica. Acreditando sempre que haveremos de ver um mundo de liberdade, igualdade, justiça e paz, reinarem entre nossas comunidades e nação. “Quem é fraco, Deus dá força, quem tem medo sofre mais. Quem se une ao companheiro vence todo cativeiro é feliz e tem a paz”. E por aqui continua nossa romaria em nossas comunidades, rumos à 40ª Romaria da Terra e das Águas às margens do Velho Chico e sobre a proteção do Bom Jesus da Lapa.

Texto e Imagens – Equipe de Comunicação do CEDASB.

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