“No principio de todas as coisas era a água, e a água simbolizava a vida, Deus na sua imensa compaixão pela natureza viu que tudo isso era bom”.
“Mas no principio também era terra, e Deus vendo que tudo isso era bom, viu que a terra podia produzir erva verde e variedades de sementes” (Gn 1, 1.3;).

As sementes estavam no principio da vida…

Foi com esta narrativa mítica que demos início a mais uma atividade de inauguração das casas de sementes na comunidade Boa Vista, região de Maracás no dia 05 de julho de 2016. A mística inicial convidou a todos e todas para celebrar a cultura da gente do local, cantos fortes de resistência e luta ecoou na comunidade, enquanto eles nos ofertavam com uma riqueza cultural preservada de seu povo. Enquanto isso a semente, de forma mística, era jogada no chão e o povo com esperança lembrava as lutas da comunidade para conquistar uma casa de sementes; uma casa é sempre momento de acolher gente e gente com bom ânimo é sempre bom ter na luta como companheiros/as.

As sementes são a força do povo, de uma gente que quer ver suas culturas e tradições vivas, a batida do pilão simbolizava isso tudo; ecoou e subiu aos céus como preces, suas batidas nos remetiam a uma saudade onde as pessoas faziam com carinho suas labutas, sabendo que aquele som ecoou recantos no despertar de muita gente.
Enquanto isso, o som do Berimbau ressoou nos quatro cantos uma melodia, trazendo pra gente a resistência e a luta dos ancestrais (era canto de resistência). A criança presente pegou a semente e a jogou na terra, plantou ali seu futuro, mesmo sem entender, um dia irá lembrar aquele momento e que, terra, sementes são prioridades para ter garantia de vida nas comunidades e garantir o futuro.

O CEDASB tem uma dinâmica muito pedagógica na inauguração das casas de sementes, entendendo que é um momento cultural onde trabalha uma educação libertadora e contextualizada que envolve toda comunidade, mas, é também um momento politico, trazendo os anseios, as conquistas e as dificuldades para este momento das falas dos representantes, que eles entendem que é preciso de mais politicas publicas voltada para estas comunidades.

Assim, depois da mística a coordenação do projeto Sementes do Semiárido, representes de associações, governo municipal agradeceu o momento que, para eles a casa de sementes vem reforçar a luta dos camponeses, a luta de mulheres e homens nas comunidades e garantindo soberania alimentar, uma semente de qualidade e adaptada com o semiárido.

Paula, coordenadora do projeto na sua fala, disse que se sente alegre com a comunidade, porque em todas as comunidades que foram inauguradas as casas de sementes ouve um resgate cultural muito forte daquilo que estava perdido, que talvez se não fosse o trabalho pedagógico das capacitações com os monitores e o acompanhamento dos animadores essas coisas lindas poderiam se perder na historia da comunidade e se tornar esquecida. Ela completou, “a casa de sementes é para vocês guardarem as suas histórias e lutarem por elas para que não se percam”.

À tarde todos e todas foram fazer a visita no quintal de Dona Angelina, lá ela pode explicar porque cultiva tantas plantas medicinais e muitas flores no seu pequeno jardim no fundo da casa. Perguntas e respostas partilhadas nesse momento enriqueceu a visita que depois voltamos para uma pequena plenária onde todas e todos puderam falar e trocar experiências do que viu dentro do quintal agroecológico. Finalizamos o dia com o momento de celebração mística de inauguração da casa de sementes, em pedidos de preces a comunidade entoou o canto das criaturas de São Francisco de Assis pedindo a Deus e mãe natureza que mande chuva para plantar e ter boa colheita. Adentraram a casa com alegria cantando um reisado popular (Ô de casa, Ô de fora – Reisado a São José). Rosa, uma das coordenadoras da comunidade e da Casa de Sementes se emocionou com o momento de conquista e realização “não parece nada, mas para nós é muita coisa é a nossa vida e nossa história”, afirmou Rosa.

Ao final houve a tradicional troca de sementes entre as comunidades e as guardiãs e os guardiões das sementes que puderam levar muita diversidade para suas comunidades e casas de sementes.

Por: Equipe de Comunicação.

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