“Comida de Verdade é o que vamos partilhar, do sertão ao litoral vamos a fome saciar”

(Trecho da canção: Bahia Solidária. Autoria de Climério Vale e Eliane Almeida
para campanha Bahia Solidária do Sertão ao Litoral, da ASA/BA)

 

A agricultura familiar brasileira é quem produz Comida de Verdade. O alimento que chega até a mesa dos brasileiros, que sacia a fome diária de nosso povo, é produzido por quem tem com a terra uma relação de parceria, não apenas de mercadoria. E essa produção não é de competição, mas de troca de saberes e sabores. A alegria de uma família camponesa é partilhar seus conhecimentos com outra família camponesa e receber em troca os conhecimentos desta família numa relação contínua de construção coletiva.

E foi na caminhada diária, entre visitar famílias e prosear um pouquinho, que o Técnico Agropecuário Eduardo Rocha da Silva, assentou-se na casa da agricultora familiar Jessi Meira Soares na comunidade Bom Jesus de Cima, município de Bom Jesus da Serra – Bahia, e teve um lampejo ao perceber que naquela propriedade tinha potencialidades não aproveitadas.

Eduardo faz parte da equipe técnica do CEDASB que atua com o projeto Ater Agroecologia, parceria firmada entre a instituição e a Secretária de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia – SDR.

Antes de ser Técnico Agropecuário, Eduardo, é Agricultor Familiar residente na comunidade do Iguá, município de Vitória da Conquista – Bahia. Ele percebeu que Jessi, uma agricultora experimentadora, que já ensinou a tantas outras famílias seus saberes em intercâmbio realizados em sua propriedade, poderia melhorar ainda mais suas habilidades com uma simples troca de informação/conhecimento: como beneficiar o excedente do leite em sua propriedade para fazer queijo.

A criação de gado leiteiro é uma prática histórica de algumas agricultoras/es familiares no sertão baiano. Mesmo em pequena escala, no sentido individual, é vívida e pulsante quando somada as diferentes culturas em diversas pequenas propriedades. Ainda que muitas vezes, a luta seja árdua por falta de investimento estatal e financiamentos adequados, estas famílias insistem e resistem no campo.

Assim, torna-se ainda mais importante a troca de conhecimentos entre agricultoras e agricultores familiares. Criar esta rede, intercambiar as práticas positivas e permitir que os campesinos consigam aprimorar o manejo, dinamizar suas propriedades e melhorar sua qualidade de vida.

E foi com esse olhar que o técnico e agricultor Eduardo, percebendo que a família da agricultora Jessi poderia melhorar sua experiência no manejo do leite, transmitiu os conhecimentos de como produzir queijo artesanal e agregar valor financeiro a sua atividade.

Além de colocar comida de verdade na mesa de sua própria família, coloca também na mesa dos consumidores e consumidoras que compram de Jessi sabendo a origem e a qualidade do alimento que está sendo produzido.

Agricultura familiar é comida de verdade, é diversidade, é sabedoria, é partilha!

 

Texto: Climério Vale