“Oh dona (o) da casa eu ouvi sua voz…” Assim o CEDASB começou o Projeto Sementes do Semiárido com essa cantiga do Terno de Reis no município de Belo Campo/ BA. E como o princípio era OUVIR, todos os que estavam presentes escutaram as vozes das agricultoras e agricultores do semiárido, dos parceiros e parceiras, da equipe técnica e dos monitores que realizaram as capacitações.
Ouvindo suas histórias, crenças, sentimentos, prosas, versos, experiências com foco no resgate das sementes CRIOULAS, da paixão, do amor e, principalmente, ouvindo sobre o resgate do sentimento da PERTENÇA, agricultoras e agricultores deixaram transparecer antes, durante e depois das capacitações que “A semente crioula pertence a nós agricultores”; “A semente Crioula faz parte da história da minha família”; “A semente Crioula é NOSSA”; “Eu não posso deixar essa semente desaparecer”.
Sensações como as descritas acima foram, inclusive, sentidas pela equipe técnica e, deste modo, Camila, Liomar, Helena Paula, Marcos, Ricardo e Terêncio também puderam, ampliar, multiplicar e dividir saberes com a comunidade.
Em contrapartida, os sentimentos de repúdio pelas sementes transgênicas e híbridas, dos seus malefícios e ameaças à vida de cada um de nós foram mencionados. A abordagem deste assunto serviu para que os resgates aos mutirões, organização, troca de saberes entre todos da comunidade ressurgissem com mais força.
O CEDASB finaliza o trabalho do Projeto Sementes do Semiárido com suas metas compridas. Ao longo de sua execução, foram realizadas capacitações, intercâmbios, 24 construções e 12 apoios a Casas/Bancos, distribuídos em 12 municípios. Contamos com a colaboração de todos: agricultores, monitores e de todos da Família CEDASB, desde as coordenações, a comunicação e as equipes dos diversos projetos executados pela instituição. Todos abraçaram o “Sementes”.
Logo, é importante ressaltar que o Projeto Sementes do Semiárido não se encerra. Mesmo agora, neste momento de incertezas, de incoerências políticas, sabemos que o resgate das sementes crioulas, veio para fortalecer e demonstrar que a Convivência com o Semiárido é construída com olhar nas suas particularidades e não “combatida” como largamente foi e vem sendo defendida pelo DNOCS.
Assim, mesmo lacrimejando é com a certeza de que nada será como antes, que será melhor, é que deixamos nosso abraço de agradecimento a todos que caminharam conosco e que permanecerão na defesa das Sementes da Vida.
Semear sempre, temer jamais!
Por: Helena Paula Moraes