Aconteceu nos dias 06 e 07 Outubro 2016, a primeira capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos Escolar (GRHE) com líderes de comunidades, pais/mães de aluno/a e merendeiras e a segunda Oficina Pedagógica de Educação Contextualizada para convivência com o Semiárido. Ambas foram realizadas na sede do município de Anagé-BA, com representações das diversas comunidades atendidas, no referido município pelo projeto Cisterna nas Escolas, executado pelo CEDASB-ASA.
Na oficina em educação contextualizada, os professores e professoras puderam contar suas experiências, desafios e perspectivas no processo educacional das diversas localidades onde lecionam. Refletiram sobre as fragilidades, e principalmente sobre as potencialidades do Semiárido, fazendo-se perceber a “grande sala de aula”, que se encontra disponível para se trabalhar a educação contextualizada no “fulorar” da convivência com o Semiárido. “Essa nova sala de aula que estamos descobrindo aqui é a realidade onde nós educadores atuamos, perpassa àquela estrutura física entre quatro paredes e abrange tudo aquilo que somos e temos em nosso sertão: seu chão, a vegetação e os animais. As palavras e as experiências dos mais velhos e a sabedoria dos agricultores e agricultoras, tudo isso é conteúdo contextualizado”, afirmou o professor Ariosvaldo, da comunidade Vaquetal.
Na capacitação em GRHE, as merendeiras, líderes de comunidades, as mães/pais de alunos/as trouxeram e apresentaram suas experiências e histórias de caminhada, relembraram a realidade de tempos atrás, tempos de longas caminhadas e latas d’água na cabeça, sem energia e sem escola. “Sala de aula pra nós era o roçado de milho e feijão, e o lápis era o cabo de facão e navalha da enxada, afirmou dona Luzia, líder de comunidade”. Desse tempo a saudade que a agente tem é da convivência fraterna entre as pessoas que moravam ou ainda moram em nossas comunidades, mesmo com a penitência de ter que andar léguas pra buscar água, mas íamos juntas, aprendemos a dividir a pouca água que encontrava, eram tempos difíceis, mas aprendemos também a superar essas dificuldades”, contou dona Maria, merendeira.
Foram dois dias de intensas e proveitosas reflexões provocadas e debatidas em ambas as capacitações. CONTEXTUALIZAR PARA CONVIVER foi a expressão base de todo o encontro. A água que traz e vida e mata a sede é a mesma água que educa e faz florescer nossa identidade enraizada em terras sertanejas. “Não vou sair do campo pra poder ir pra escola, educação do campo é um direito e não esmola”. Essa é e, em tempos de retrocesso político-social sempre será nossa canção de resistência e nosso grito de rebeldia. Nossa caminhada por aqui continua, por uma educação que de fato seja direito de todas e todos, no campo e na cidade.
Texto e Imagens – Núcleo de Comunicação CEDASB