Nos dias 17 e 18 de dezembro de 2024, aconteceu o Seminário de Avaliação Final do Projeto Mãos Jovens que Alimentam, fruto da cooperação internacional entre o Cedasb e a Terre des Hommes Schweiz. O evento teve como tema “Agroecologia e Sucessão Familiar Rural: Caminhos para a Convivência Com o Semiárido” e contou com a participação dos jovens assessorados das comunidades Bom Sucesso e Tapuio, município de Anagé (BA), e da comunidade Quilombola do Agreste, município de Tremedal (BA).

No primeiro dia, houve a mística e a mesa de abertura formada pelo presidente do CEDASB Jozimar Antônio Basoni, pela sócia e membro do Núcleo de Articulação Institucional Leandra Silva e pelo coordenador do Bahiater/SDR e SETAF Sudoeste Roque Guimarães. Jozimar Basoni expressou toda a sua felicidade por estar na presença da juventude e os seus desejos para que a atividade fosse de vivência, convivência e aprendizado. Em seguida, Roque Guimarães falou sobre o quanto é marcante e simbólico os caminhos traçados pelos jovens camponeses e apontou a importância de eles estarem engajados e preparados para adotarem práticas de produção que prezem pela preservação ambiental. E Leandra Silva ressaltou a necessidade de a juventude participar dos núcleos e grupos de organização nas comunidades, pois é nesses espaços coletivos que ocorrem as reflexões do que defendemos enquanto sociedade e é onde surgem novas possibilidades de ocupar espaços de tomada de decisões.

Em um segundo momento do seminário, a geógrafa e sócia do CEDASB Eliane Almeida falou sobre as ações da instituição ao longo de sua história e abordou o tema “Agroecologia e Sucessão Familiar Rural: caminhos para a convivência com o semiárido” ao lado dos jovens agricultores e empreendedores Sílvio de Jesus, Dieny Lima e Daniel Bitencourt, que compartilharam a sua história no campo.

Mesa de abertura e momento com os jovens agricultores que empreendem.

Dieny recitou um poema que, por meio dos versos, aborda sua experiência e trajetória de vida. A jovem também relembrou o seu primeiro contato com a agroecologia em um curso de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) que, além de capacitá-la para o recebimento da cisterna de consumo, mudou também sua perspectiva de vida e sociedade. Hoje, com muita perseverança e resistência, tornou-se referência por causa da sua produção e barraca de comercialização ao lado da família.

O jovem agricultor Sílvio de Jesus contou como, depois de um período trabalhando em São Paulo, retornou para sua cidade e investiu o que tinha para começar a produzir no campo, passando a ter novas possibilidades a partir da assessoria técnica prestada pelo CEDASB. Hoje, ele comercializa seus produtos e utiliza as mídias sociais para divulgar a sua produção. Inclusive, criou seu canal no Youtube que, atualmente, conta com mais de 100 mil inscritos.

Já Daniel Bitencourt, articulador da Rede Bem Viver, falou sobre a sua trajetória e experiência com os trabalhos realizados cujo objetivo é conectar pessoas, produtores e consumidores através da distribuição de alimentos orgânicos provenientes da agricultura familiar camponesa. Ele mostrou que acredita no potencial da divulgação e do marketing, bem como das parcerias e da relação entre produtor e consumidor.

Para fortalecer essas experiências, os participantes assistiram um vídeo de Gileane Neres, uma jovem camponesa que fez um relato sobre como encontrou meios de permanecer no campo fazendo o que gosta. Trabalhando como cabelereira, montou um salão de beleza em sua comunidade e tem crescido como profissional conseguindo gerar renda sem sair do campo para cidade.

Leandro Gonçalves, coordenador do projeto Mãos Jovens que Alimentam.

Leandro Gonçalves, coordenador do Projeto Mãos Jovens que Alimentam, relembrou o objetivo do projeto e o desenvolvimento das atividades para a juventude campesina.

O Projeto ofereceu aos jovens, assistência técnica e acompanhamento individual e coletivo no desenvolvimento das produções agrícolas, além de capacitações em agrofloresta, culinária e produção de sabonetes artesanais. Também promoveu dias de campo, destacando as potencialidades locais, e duas viagens de intercâmbio, uma intermunicipal e outra interestadual, para troca de experiências entre as juventudes. Essas atividades proporcionaram às juventudes, aumentar sua capacidade produtiva, diversificar suas fontes de renda, fortalecer a segurança alimentar e nutricional, ter mais controle e autoconfiança em relação aos seus projetos de vida, desenvolver sustentavelmente, interagir com outras formas de vida, trocar experiências e valorizar suas culturas.”, disse Leandro Gonçalves.

Na avaliação final, os jovens apresentaram suas percepções e aprendizados com o projeto. A juventude da comunidade quilombola do Agreste, município de Tremedal (BA), realizou uma apresentação em formato de jornal televisivo, onde falaram sobre a importância das ações do projeto e seus impactos para a melhoria na vida da comunidade. Os jovens da região do Tapuio, município de Anagé (BA), também fizeram um relato sobre os impactos e resultados do projeto em sua comunidade, assim como a juventude da comunidade do Bom Sucesso, município de Anagé (BA), que apresentou um vídeo sobre o desempenho, desenvolvimento e resultado das ações do projeto na comunidade.

 

“O projeto pode proporcionar protagonismo para a juventude fazendo que, com o incentivo, fosse possível criar o Coletivo juventude Transformadora e, através da oficina de sabonetes artesanais, já estamos fazendo e repassando o curso para a comunidade. Através dos intercâmbios também surgiu em nós o propósito de criamos uma feira de agroecologia na região, valorizando a agricultura Familiar e mostrando que a sucessão rural é possível. Então o projeto veio nos mostrar que, tendo espaço, conseguimos trabalhar.” – Roberta Libarino, jovem da comunidade Bom Sucesso, município de Anagé (BA).

 

Para o coordenador do projeto Mãos Jovens que alimentam, a cooperação internacional do CEDASB com o Terre des Hommes Schweiz tem contribuído para a construção e reflexão coletiva de caminhos para a juventude, pois a união dos jovens possibilita a eles ocupar espaços e participar de momentos de tomadas de decisão na comunidade. Leandro Gonçalves concluiu que “o aprendizado gerado por esse projeto piloto nos inspira a continuar avançando na busca por alternativas sustentáveis e inclusivas, reafirmando nosso compromisso com a sucessão rural e a construção de políticas públicas que promovam a autonomia e o desenvolvimento das juventudes camponesas”.

Texto: Lucilene Rosário – Comunicadora do Cedasb.