Nos dias 06, 07 e 08 de fevereiro de 2024, a história do CEDASB foi marcada com a implantação do primeiro Sistema Agroflorestal (SAF) em parceria com jovens agricultores e agricultoras, do município de Anagé. A Unidade Produtiva Familiar escolhida foi da família de José Neto, Maria Eloia, Roberta, Rosicléia, Rosana e Marcus, na Comunidade de Bom Sucesso. Trata-se de uma atividade executada pelo CEDASB, por meio do Projeto “Mãos Jovens que Alimentam”, por meio da cooperação internacional com a Terre Des Hommes Schweiz.

Essa atividade é o resultado de desdobramentos de partilhas de saberes vivenciado pelo CEDASB nas andanças pelos semiáridos. Inclusive, instigada pelo Projeto DAKI Semiáridos, da Articulação Semiárido Brasileiro, que essa família de agricultores(as) aceitou o desafio de ceder a área para o desenvolvimento dessa proposta de Sistema Agroflorestal, ou como preferimos dizer: RECAATINGAMENTO.

Agroflorestor Jurandi Anunciação

Após terem participado de uma formação, com o agroflorestor Jurandi Anunciação, do município de Cafarnaum (Bahia), no mês de dezembro de 2023, os jovens do Projeto “Mãos jovens que alimentam”, munidos do aprendizado teórico sobre as etapas e condições para implantação de um sistema agroflorestal para o recaatingamento, tiveram a oportunidade de colocar em prática cada etapa estudada.

No primeiro dia, o coletivo foi recebido com uma mística realizada pelas(os) jovens da comunidade de Bom Sucesso, sobre o resgate das sementes crioulas. Logo após foi partilhado o café da manhã sertanejo, e em seguida, todos(as) se direcionaram para o reconhecimento do terreno, e de suas especificidades (condições do solo, declive, vegetação, etc), além de discutirem o tamanho da área a ser trabalhada. E, considerando o tempo e a quantidade de pessoas (mão-de-obra) que a família tem para manejar o sistema, a área delimitada foi de 225 m² (15×15).

Definida a área, os esforços foram centrados na capina do terreno. Todos e todas os(as) presentes contribuíram com esse processo. E, sob o sol intenso e brilhante de Anagé, foram feitos 16 sulcos no sentido transversal ao declive do terreno, criando uma espécie de barramento para contenção de água das enxurradas, melhorando o aproveitamento da mesma e evitando o carreamento da matéria orgânica, sementes, mudas, esterco e do próprio solo escavado. No final de dia, a noite foi regada com muitos “causos” e interação cultural.

Sementes de árvores nativas, frutíferas e sementes alimentícias.

No segundo dia, o trabalho continuou intenso, pois chegava a hora da escavação dos berços para o recebimento das sementes e das mudas. E assim, o dia começou entre abertura de berços, manejo e seleção de sementes e mudas, além das cantigas, prosas, brincadeiras e muita alegria. Foram abertos mais de 100 de berços na área, que receberam várias espécies de sementes e mudas de frutíferas, árvores nativas, tubérculos, cactáceas e grãos, tais como: jaca, seriguela, acerola, manga, pinha, limão, mamão, tamarindo, licuri, caju, abacaxi, amora, pau-ferro, umburana, jatobá, ipê, eucalipto, angico, tamburiu, aroeira de cheiro, gliricidia, leucina, ingá, sorgo, piteira, palma, sisal, pornunça, mandioca, feijão de porco, andu, feijão curijinha, milho, umbu, dentre tantas outras que se somaram a esse mix da biodiversidade.

Semeando as manivas.

Os primeiros plantios foram das sementes em forma de estacas e mudas, e ao entardecer todas as demais, junto aos grãos, foram semeadas nas cavidades dos sulcos e devidamente adubadas. A noite foi brindada com o “baba da amizade”, onde participaram a equipe do CEDASB, integrantes da comunidade e a juventude do projeto “Mãos Jovens que alimentam”.

Realizando a cobertura do solo.

No terceiro dia, a movimentação foi entorno da cobertura total da área com matéria orgânica. Parte desse material foi aproveitado da capina realizada no primeiro dia, e o restante foi colhida no dia com o auxílio de uma roçadeira. O mutirão foi lindo! Era gente roçando, outros(as) organizando o material em sacos, e outros(as) carregando o material para a área do SAF, e outra frente espalhando a matéria orgânica pela área, de forma sistêmica e organizada, seguindo a orientação do agricultor agrofloresteiro Jurandi.

 

Foi uma lindeza meu povo, a participação dos(as) jovens junto à equipe técnica do CED ASB nessa empreitada educativa. O futuro começa hoje! São as ações que fazemos hoje que delimitará esse futuro que queremos alcançar. Gratidão é a palavra que mais define o sentimento que o CEDASB está sentindo por essas pessoas que acreditaram e decidiram realizar essa caminhada conosco. “Mãos Jovens que Alimentam”, é um projeto que tira da zona de conforto a própria sociedade.

“JUVENTUDE QUE OUSA LUTAR: CONSTRÓI O PODER POPULAR”.

 

Texto 
Eliane Almeida - Coord. de Projetos do Cedasb

MÓDULO 01 – TEORIAS SOBRE OS SISTEMAS AGROFLORESTAIS

 

 

MÓDULO 02 – IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA AGROFLORESTAL