O I Seminário de Agrofloresta do Sudoeste da Bahia, uma parceria entre o Cedasb, a Rede Baiana de Agrofloresta (RBA) e o Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis (ISFA), aconteceu nos dias 7 e 8 de outubro em Vitória da Conquista. O evento foi um marco regional ao promover reflexões profundas sobre a forma como estamos nos relacionando com a terra e plantando nossas sementes.

A mesa de abertura contou com a presença de importantes representantes das instituições envolvidas. Entre eles, Climério Vale, coordenador da ASA/Bahia e secretário executivo do Cedasb, destacou o papel transformador da ação comunitária e da agricultura sustentável:

“A esperança não está nos governos, não está no agronegócio, está nas mãos de cada uma, de cada um de nós que bota a mão na massa para adotar medidas de viver, para cuidar do meio ambiente e do nosso planeta.”

Também compuseram a mesa Nelson Araújo, representando a Rede Baiana de Agrofloresta; Roque Guimarães, da BAHIATER/SETAF Vitória da Conquista; e Thalia, jovem agricultora da comunidade Recreio em Manoel Vitorino que, em uma de suas falas, salientou: “Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes. E hoje aqui estou trocando experiências e é um espaço riquíssimo.”.

 

Ao longo da programação, os agricultores e agricultoras tiveram acesso a conteúdos técnicos e reflexões inspiradoras. O geógrafo Marciel Viana apresentou a palestra “O avanço do agronegócio e a quebra do ciclo da água”, abordando os impactos ambientais dos modelos convencionais de produção. Em seguida, o economista e agroflorestor Nelson Araújo discutiu “A agrofloresta como solução para a crise da agricultura e do meio ambiente”, reforçando o potencial regenerativo das práticas agroecológicas.

A bióloga, escritora e doutora em Ciências Agrárias Dra. Genna Sousa, especialista em Bioecologia de Abelhas, também realizou uma palestra que encantou os participantes ao apresentar a importância vital das abelhas nos sistemas agroflorestais. Ela ressaltou a relação profunda entre conservação ambiental, biodiversidade e produção agrícola. “Abelha faz seu ninho no oco das árvores. Abelhas são abundantes, gostam de fartura. Temos que manter a flora em pé. A abelha tem que ter pasto para elas se alimentarem.”, ressaltou a especialista.

 

O seminário também proporcionou aos participantes o Carrossel de Experiências “Agrofloresta no Semiárido: renda, vida e juventude no campo”. Nesta atividade, os grupos foram divididos para conhecer, na prática, diferentes formas de manejo sustentável, modelos de consórcios agroflorestais e estratégias de recuperação de áreas degradadas. Tudo isso valorizando saberes tradicionais, práticas ancestrais e conhecimentos populares, fundamentais para o fortalecimento da agricultura familiar.

 

Em um segundo momento do evento, a juventude foi estimulada a responder alguns questionamentos essenciais para entender o Sistema Agroflorestal e, assim, realizaram uma atividade onde teriam que ilustrar por meio de uma maquete tudo o que uma propriedade precisa para se tornar uma agrofloresta. Assim, ouvimos os jovens camponeses que fazem parte do projeto Mãos Jovens que Alimentam, uma cooperação internacional do Cedasb com Terre des Hommes. Foi uma atividade prática que acrescentou bastante à vivência dos participantes. O I Seminário de Agrofloresta do Sudoeste da Bahia foi um chamado à ação: ao cuidado com a terra, à resiliência comunitária e à construção de um futuro mais justo e sustentável no campo. Que este seja apenas o início de muitos encontros transformadores.

 

 

Texto: Lucilene Rosário.