Na capacitação de GRH (Gerenciamento de Recursos Hídricos) acontecida no Assentamento Canguçu “teve”! Teve de tudo um pouco, no que se refere de coisa boa que pode acontecer em um GRH. Foram dois dias (13 e 14 Julho) de atividades com 20 agricultores e agricultoras da localidade, bem proveitosos e cheios de boas experiências.

No GRH teve bate papo e cantoria, gente que aprendeu e ensinou, “teve” boa proza e muita alegria, tudo de um jeito bem descontraído e aprumado, pois os assuntos que lá foram “proziados” são de uma seriedade fora do comum e de suma importância para toda a comunidade. Da ASA nós falamos e do Cedasb também, para o telhado nós olhamos, e assim pudemos exemplificar, e todos puderam entender que cada telha daquela que formava o grande telhado da capela que ora nos arranchava, significa cada organização que forma a Articulação Semiárido (ASA). Alvoroço mesmo foi na hora que foi perguntado: “quem mais se preocupa em buscar água pra labuta de casa”. A mulherada logo se manifestou e expressou a força e o esforço das tantas mulheres Agricultoras, donas de casa e mães ali presentes, em assumir as lutas diárias de forma tão responsável.

Teve gente assumindo e reafirmando suas raízes no lugar onde nasceu e está se criando, gente que é feliz onde mora e dali não quer sair pra lugar nenhum. Seu Antônio foi direto ao ponto e resumiu todo o causo: “vou dizer pra vocês o que eu sinto, aqui na roça a gente não vegeta, a gente vive de verdade!”. O Jovem Leonardo já foi logo “interando” as palavras de seu Antônio: “prefiro as lutas e as dificuldades da roça, do que as mordomias da cidade grande”.

Hora boa também foi quando fomos conhecer a fonte de água da comunidade. Aquela ruma de gente, que parecia mais uma procissão, tudo junto e misturado: mulheres, homens, cachorro e crianças. Ao chegarmos na nascente, nos deparamos com o som da natureza, som esse capaz de trazer paz ao coração. Ao redor da nascente pudemos escutar a natureza respirar, e perceber que tudo ali encontra-se em equilíbrio, convivendo em um mesmo espaço de forma harmoniosa. Vinháticos centenários, Sucupiras eradas e Cedros que pareciam guardiões daquela nascente geradora de vida. Parecia que as plantas, o vento nas árvores e o cantar dos passarinhos queriam nos falar ou pedir alguma coisa. O silencio foi interrompido pela fala de seu Deli, que disse firmemente: “ta vendo gente?! Esse curso que estamos participando num é só pra gente receber as caixa não! É pra gente valorizar cada vez mais nossas fontes de água, porque água é vida”. Esse é o sentido de se visitar uma fonte de água durante a capacitação, perceber a importância de conservar e zelar cada vez mais as diversas fontes e reservatórios hídricos já existentes na comunidade local.

Não podemos deixar de falar da comida feita no fogão a lenha de dona Miralva e seu Melquíades. Duas figuras conhecidas na localidade pela forma de como acolhe as pessoas. É daquele tipo de gente, que não tempo ruim, quando o assunto é acolher bem.

Teve amostragem de artesanato e representação com produtos da terra cultivados ali mesmo na comunidade, de tudo tinha um pouco!  Já na parte da tarde discutimos sobre os cuidados com as cisternas e fizemos o momento do compromisso, que é onde cada participante assume a responsabilidade de sempre zelar da cisterna, como disse seu Jasmireis: “o compromisso disso tudo que foi falado aqui, fica agora por nossa conta”.

O Projeto Cisternas está atuando em Barra do Choça com o objetivo de construir 1500 cisternas de placa 16 mil litros em todo o município, 775 cisternas já foram construídas e já estão no ponto de aparar e guardar a água dos céus. É uma parceria da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Rural/BA) por meio da Secretaria de Justiça, direitos humanos e desenvolvimento social (SJDHDS) com o CEDASB, entidade executora, quem além do município de Barra do Choça, também atua com o Projeto Cisternas no município de Vitória da Conquista – BA.

Texto e Imagens: Núcleo de Comunicação do CEDASB.

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